Vozes e Ruídos
de Daniel
Sampaio
ISBN: 9722108328
13ª edição
Dimensões: 137
x 209 x 16 mm
Encadernação: Capa
mole
Páginas: 216
Livro Coleção: Nosso
Mundo
Ciências
Sociais e Humanas
Psicologia da
Educação.
Livro praticamente novo, sem sinais de uso.
PREÇO 6.50€
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Nota do autor.
Todos os dias ouvimos histórias sobre jovens e os seus
problemas. Os pais vivem inquietos perante ameaças como a toxico-dependência, a
SIDA, a depressão e o suicídio. Mas quando nos confrontamos directamente com os
adolescentes e as sua famílias verificamos que, na maioria dos casos, os
conflitos intrafamiliares não são catastróficos eestão centrados em questões
quotidianas. Diversos estudos epidemiológicos têm também demonstrado que apenas
10% dos jovens percorrem a adolescência com per-turbações emocionais
graves.
Então como explicar a ansiedade de pais e professores,
as dificuldades de diálogo familiar, o insucesso escolar e outros problemas
que surgem na adolescência? Penso que tal se deve
sobretudo à dificuldade em distinguir uma turbulência transitória de
uma perturbação mental a necessitar de tratamento especializado, motivado por um
conceito tão mal definido como é o de «crise da adolescência». É devido a esta
indefinição que se aceitam como normais comportamentos juvenis
indiscutivelmente patológicos, ou, pelo
contrário, se deixam escapar — porque «é da idade» — situações que necessitam
de tratamento.
A adolescência normal tem tarefas a realizar, caminha
para a autonomia, pressupõe flexibilidade e construção de valores próprios.
A adolescência patológica evidencia bloqueios no
desenvolvimento, revela dependência, rigidez, perda de limites ou isolamento. A
adolescência normal tem conflitos centrados no quotidiano, que podem ser
resolvidos através da negociação das regras familiares e da definição clara do
papel de pais e filhos. A adolescência patológica deve ser avaliada
psicologicamente e, no respeito pela privacidade do jovem e da sua família,
será certamente encontrada uma solução.
Vozes e Ruídos fala de diálogo com os adolescentes.
Primeiro, com jovens que nunca tinham ido a uma consulta de Saúde Mental.
Depois, através do diálogo singular que é o encontro
terapêutico.
Os técnicos de Saúde Mental que comigo colaboraram
(Nazaré Santos, Pedro Levy, Pedro Varandas e Ângelo Vieira de Sousa) e eu
próprio queremos que o diálogo possa continuar depois da leitura que vai fazer
do nosso livro.
Lisboa, Maio de 1993