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sábado, 19 de setembro de 2020

NA HORA DA VERDADE. Colonialismo e Neo-Colonialismo a Proposta de Lei de Revisão Constitucional

NA HORA DA VERDADE.

Colonialismo e Neo-Colonialismo a Proposta de Lei de Revisão Constitucional

Fernando Pacheco Amorim
Edição do Autor.
Coimbra, 1971.
Páginas: 258

Dimensões: 217x162x20 mm.

 

Exemplar em bom estado, sem rasgos. Capa e miolo amarelecidos pelo tempo.

Tem uma assinatura de posse.

 

PREÇO: 13.00

 Como comprar

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DUAS PALAVRAS DE INTRODUÇÃO

Não haverá com certeza neste momento da vida nacional, português digno deste nome que ao menos consciência interrogá-lo: para onde vamos?

 Foi este o título que demos ao nosso último trabalho sobre o chamado problema ultramarino. No momento, estávamos já profundamente convictos de qual era o caminho que forças conservadoras iam tentar impor à concepção revolucionária da integração nacional.

Escrevêmo-lo por imperativo de consciência, por impulso irresistível de quem, não confinando a sua concepção de Nação ao ultrapassado conceito étnico e geográfico dos que só conseguem entende-la no pequeno horizonte do rectângulo europeu, sente que se aproxima a hora decisiva da luta entre os partidários do Portugal do futuro e os partidários do Velho do Restelo, entre os partidários de um Portugal que foi e os que pensam que Portugal não pode voltar atrás, sem se negar e destruir, e por isso querem que o caminho de Portugal seja um caminho de amanhã.

Escrevemo-lo convictos também de que a sua acção no momento seria limitada, pois nada mais se poderia fazer do que prever uma evolução, do que antecipar sobre o futuro. Sabíamos que para além da barreira da ignorância, havia uma outra mais difícil de vencer: a visão pequeno-burguesa do rectângulo exclusivamente europeu.

Sabíamos por isso que só alguns ficariam esclarecidos, outros apenas alertados ou com algumas dúvidas, a maioria indiferente. Essa maioria silenciosa que quase nos faz descrer da natureza humana.

Alguns anos passaram.

Mantivemo-nos durante estes anos em silêncio quase absoluto, pois que o amor à causa que defendíamos assim o aconselhava. Importava na verdade muito, que os factos viessem confirmar algumas das nossas previsões. E assim chegou a hora decisiva: a hora em que a prudência é cobardia, o silêncio é traição.

A hora em que é preciso escolher entre o Portugal conservador, racista, europeu, faminto de sociedade de consumo e o Portugal do Futuro, aliado natural do Terceiro Mundo, construindo-se na fraternidade 2)das raças, na integração das culturas, na descoberta do Homem Novo.

Numa palavra: a luta entre o Portugal que é e o Portugal que pode ser.

Aqui estamos pois pedindo a Deus, que nesta hora da Verdade dê à pobre inteligência com que nos dotou o frio gume de uma espada e à mão que lhe vai servir de instrumento a firmeza e o calor das paixões que se projectam no futuro e assim redimem os homens e as pátrias.

 

Coimbra, 8 de Dezembro de 1970