OS SIMPLES –
Poesias Líricas
Guerra Junqueiro
Lello &
Irmão – Editores
Páginas: 126
Dimensões:
195x130 mm.
Exemplar bem
conservado, ligeiramente amarelecido, com alguns picos de acidez, sem
anotações.
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Os Simples
Livro de
poesias de Guerra Junqueiro que assinala uma inversão na trajetória poética do
autor, até então orientada para o lirismo revolucionário e anticlerical.
Acertadamente, Moniz Barreto, crítico de finais do século XIX, considera Os
Simples "uma idealização da vida rural feita com intuitos de moralista,
que condena a complicação e dureza da vida civilizada, e que vê na regressão a
um cristianismo ingénuo e popular a cura das feridas da alma". O próprio
autor, numa nota posfacial ao volume, atribui a gestação da obra a "um
período agudo" da sua existência, durante o qual, depois de ter antevisto a
morte, meditou e conseguiu alcançar "uma ideia metódica e definitiva do
universo".
A obra está repleta de quadros rústicos e de tipos populares "de boas e
santas criaturas, que atravessam um mundo de misérias e de injustiças (...) sem
um olhar de maldição para a natureza, sem uma palavra de queixume para o
destino" ("A Moleirinha", "O Pastor", "O
Cavador", "Os Pobrezinhos"...), a que se conformam os ritmos e
rimas populares usados pelo autor.
17 de Setembro
de 1850: Nasce o escritor e diplomata português Guerra Junqueiro, em Freixo de
Espada-à-Cinta
Poeta e
político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta
(Trás-os-Montes), e falecido em 1923, em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o
mais vivo representante de um romantismo social panfletário, influenciado por
Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados,
tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a
frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em
Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação
ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. Nessa cidade convive de perto com
o poeta João Penha, em cuja revista literária, A Folha, faz a sua estreia
literária. Durante a sua vida, combina as carreiras administrativa (exercendo a
função de secretário dos governos civis de Angra do Heroísmo e de Viana do
Castelo) e política (sendo eleito por mais de uma vez deputado pelo partido
progressista) com a lavoura nas suas terras de Barca de Alva, no Douro. Nos
anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida, juntamente com
Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre
outros. Reage ao Ultimato inglês de 1890, com o livro de poesias Finis Patriae,
altura em que se afasta ideologicamente de Oliveira Martins, confiando na
República como solução para os males da sociedade portuguesa. Entre 1911 e
1914, assume o cargo de Ministro de Portugal na Suíça. Na fase final da sua
vida, retira-se para a sua propriedade no Douro, assinalando-se então uma
viragem na sua orientação poética, que se volta para a terra e para "os
simples", como atestam as suas últimas obras: Pátria (1896), ainda
satírica, mas já de inspiração saudosista e panteísta; Os Simples (1892) - um
hino de louvor à terra, de uma poesia que evoca a sua infância, impregnada de
saudosismo, de recordações calmas e consoladoras e onde se sente uma grande
ternura pela correspondente paisagem social; Oração ao Pão (1903) e Oração à
Luz (1904), estas enveredando por trilhos metafísicos.
O
anticlericalismo, que em vida lhe granjeou o escândalo e a fama, o estilo
arrebatado, vibrante, apoiado na formulação épica do verso alexandrino de
influência huguana, contribuíram para a apreciação do crítico Moniz Barreto:
"Quando se procura a fórmula do espírito de Guerra Junqueiro acha-se que
ele é muito mais orador que poeta e que tem muito mais eloquência que
imaginação."
Poeta
panfletário, confidencial, satírico e também religioso, o seu valor foi
contestado na década de 20. No entanto, os seus defensores nunca deixaram de
acreditar na sua genialidade como satírico e como lírico.
Guerra
Junqueiro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.