A
MONJA DE LISBOA
Agustina
Bessa –Luís
Guimarães
Editores
1ª
EDIÇÃO – 1985
Páginas:
303
Dimensões:
210x145 mm.
Exemplar
em bom estado. Sobrecapa com algumas marcas de desgaste. Capa e miolo em muito
bom estado
PREÇO:
40.00€
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PRÉ-PAGAMENTO:
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Entrego em mão
em Coimbra
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PRÓLOGO
Este
não é um livro sobre a mística portuguesa, porque não houve. Os nossos poetas
(e a mística natural faz parte da poesia) foram menos exorbitantes; faltou-lhes
na época de Seiscentos a grande turbulência da Contra-Reforma. Um Pedro Malón
de Chaide ou um Diego de Estella, tão navarros que Mérimée não conseguiria
entendê-los, tinham por eles a vocação agitada que produz a eloquência, E se o
amor é eloquência, ele esteve presente no misticismo espanhol como um exercício
quixotesco que culmina no silêncio, na unidade, que é ofício do amor.
É
de supor que houve em Portugal uma impregnação popular da mística sufista, que
se traduziria no principio da compaixão como comunhão da paixão, e não piedade
que imobiliza o pecador na sua natureza subelementar. A compaixão seria,
portanto, uma metafísica do amor, e não um preceito moral. E, por conseguinte,
um poder criador e emancipante de todos os seres, sem excepção. Isto combina
com o carácter do português, oculto no amor primordial que é a compaixão.
A
monja de Lisboa parece ser um momento suspenso entre a poesia e um
ressentimento talhado à medida do tempo nacional. Musa antonista ou santa
inábil, Maria da Visitação, do Mosteiro da Anunciada, parece-nos um completo
tipo animador da memória, «que hasta las mismas piedras enamora», como diz
Cosme de Aldana, ainda que o diga doutra pessoa cuja glória foi diferente.
As viagens e
buscas documentais que este livro crigia não teriam sido possíveis sem a
contribuição da Fundação Calouste Gulbenkian.
Ao Embaixador
de Portugal junto da Santa Sé, Dr. Helder Mendonça e Cunha, agradeço o acesso
às fontes manuscritas dos Arquivos Secretos do Vaticano. Também ao meu amigo D.
Fernando Herrera, de Valladolid, que me conduziu aos arquivas de Simanoas, devo
a oportunidade das investigações que ai efectuei.
E, com imensa
gratidão, reconheço o auxilio prestado por D. Eduardo Naval, pelas pesquisas
conduzidas em Madrid, junto das bibliotecas dos Dominicanos e Carmelitas, As
fronteiras têm passos em que a amizade, e só ela, põe bandeira. Ao leitor deixo
uma palavra confortadora: volto à ficção em que o livro do grande mundo deve ser
escrito. Porque um resto de mistério é necessário às opiniões. A História é uma
tradução deficiente que tem por ela o factor da actividade, factor que falta ao
escritor, O historiador situa-se entre os povos caçadores; o escritor, entre os
povos pastoris.
Volto aos meus
campos de trevo, onde a pseudo-realidade nada tem de fuga; é tudo o que nos
informa sobre o espírito de conciliação.
AGUSTINA
BESSA-LUIS
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