quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A MONJA DE LISBOA

A MONJA DE LISBOA

Agustina Bessa –Luís

Guimarães Editores

1ª EDIÇÃO – 1985

Páginas: 303

Dimensões: 210x145 mm.

 

Exemplar em bom estado. Sobrecapa com algumas marcas de desgaste. Capa e miolo em muito bom estado

PREÇO: 40.00€

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PRÓLOGO

Este não é um livro sobre a mística portuguesa, porque não houve. Os nossos poetas (e a mística natural faz parte da poesia) foram menos exorbitantes; faltou-lhes na época de Seiscentos a grande turbulência da Contra-Reforma. Um Pedro Malón de Chaide ou um Diego de Estella, tão navarros que Mérimée não conseguiria entendê-los, tinham por eles a vocação agitada que produz a eloquência, E se o amor é eloquência, ele esteve presente no misticismo espanhol como um exercício quixotesco que culmina no silêncio, na unidade, que é ofício do amor.

É de supor que houve em Portugal uma impregnação popular da mística sufista, que se traduziria no principio da compaixão como comunhão da paixão, e não piedade que imobiliza o pecador na sua natureza subelementar. A compaixão seria, portanto, uma metafísica do amor, e não um preceito moral. E, por conseguinte, um poder criador e emancipante de todos os seres, sem excepção. Isto combina com o carácter do português, oculto no amor primordial que é a compaixão.

A monja de Lisboa parece ser um momento suspenso entre a poesia e um ressentimento talhado à medida do tempo nacional. Musa antonista ou santa inábil, Maria da Visitação, do Mosteiro da Anunciada, parece-nos um completo tipo animador da memória, «que hasta las mismas piedras enamora», como diz Cosme de Aldana, ainda que o diga doutra pessoa cuja glória foi diferente.

 

As viagens e buscas documentais que este livro crigia não teriam sido possíveis sem a contribuição da Fundação Calouste Gulbenkian.

Ao Embaixador de Portugal junto da Santa Sé, Dr. Helder Mendonça e Cunha, agradeço o acesso às fontes manuscritas dos Arquivos Secretos do Vaticano. Também ao meu amigo D. Fernando Herrera, de Valladolid, que me conduziu aos arquivas de Simanoas, devo a oportunidade das investigações que ai efectuei.

E, com imensa gratidão, reconheço o auxilio prestado por D. Eduardo Naval, pelas pesquisas conduzidas em Madrid, junto das bibliotecas dos Dominicanos e Carmelitas, As fronteiras têm passos em que a amizade, e só ela, põe bandeira. Ao leitor deixo uma palavra confortadora: volto à ficção em que o livro do grande mundo deve ser escrito. Porque um resto de mistério é necessário às opiniões. A História é uma tradução deficiente que tem por ela o factor da actividade, factor que falta ao escritor, O historiador situa-se entre os povos caçadores; o escritor, entre os povos pastoris.

Volto aos meus campos de trevo, onde a pseudo-realidade nada tem de fuga; é tudo o que nos informa sobre o espírito de conciliação.

AGUSTINA BESSA-LUIS

 

 

 












 

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