Celso Furtado
Editora: Paz e
Terra – Brasil
3ª Edição –
1974
Páginas: 117
Dimensões:
210x140x08 mm.
Exemplar em bom
estado, sem assinaturas ou anotações.
PREÇO: 8.00€
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Resenha de
"O MITO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO"
FURTADO, C. O
Mito do Desenvolvimento Econômico. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1974.
Não por acaso,
o padrão de desenvolvimento econômico que conhecemos e que predomina ainda hoje
no mundo capitalista teve suas raízes na segunda fase da Revolução Industrial.
Intensificada na Grã-Bretanha após a segunda metade do século XIX, quando o
processo de acumulação de capital e o fluxo do comércio internacional de
mercadorias expandiram-se com base na estrutura dos novos modelos econômicos
vigentes, aos blocos das economias que lideraram o processo de industrialização
e que formavam os sistemas econômicos nacionais atribuiu-se, como
afirmou Furtado nessa obra, a responsabilidade por promover “a implantação de
um sistema de divisão internacional do trabalho que marcaria definitivamente a
evolução do capitalismo mundial”.
O interesse das
potências econômicas centrais em manter esse mesmo padrão como meio de acumular
e reproduzir sobremaneira o excedente de capitais acumulados em seus países de
origem tornou-se, dessa maneira, um grande entrave para que fosse possível
replicar, como acham possíveis muitos economistas e cientistas sociais, o modo
de vida existente nessas sociedades às periféricas, das quais se beneficiam
apenas um pequeno percentual da sociedade ligada às burocracias que as
controlam. Paradigma rechaçado por Furtado, o autor defende que tal
possibilidade não passa de um mito se pensada as economias subdesenvolvidas na
sua totalidade, o mito do desenvolvimento econômico, expressão que deu origem
ao título da obra.
Diametralmente
oposto de um modelo orientado pelos Estados nacionais “em função dos objetivos
sociais coerentes e compatíveis com a acumulação”, os países subdesenvolvidos
foram prejudicados com sua própria falta de articulação em torno de um “projeto
nacional” autônomo, bem como levados a replicar o caráter predatório de
civilização concebido pelos padrões de consumo das economias desenvolvidas. O
baixo grau de acumulação de capital em suas regiões e de acesso aos bens finais
característicos do estilo de vida moderno levou as economias subdesenvolvidas a
sofrerem importantes atrasos qualitativos em relação ao seu processo de
industrialização, abrindo espaço para que as grandes empresas transnacionais
assumissem notoriedade na orientação da política industrial dessas mesmas
economias, a partir dos anos 1960, com a formação do mercado internacional de capitais.
Com grande
capacidade financeira e de escala de produção, essas firmas deram origem a
conglomerados internacionais oligopolistas nos mais distintos setores da
economia, em nos quais o valor incorporado às mercadorias produzidas tem
provocado a degradação do mundo físico e levado, mesmo com a evolução do
progresso tecnológico, a danos irreversíveis ao planeta no longo prazo.
Seria outro
mito considerarmos o desenvolvimento econômico dos povos pobres sem que fosse
necessariamente levado em conta a similitude em relação às formas de vida dos
países ricos?
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